Basta!

LISBOA, 24 de outubro (CPR) – As manifestações antigoverno começaram em março de 2011, a “Primavera Árabe” saía à rua na Síria. As autoridades no poder reagiram com violência e, rapidamente, esta aumentou de escala. Em abril de 2013, tinha atingido tais proporções que os responsáveis pelas principais agências humanitárias da ONU lançaram um apelo desesperado…

Basta!

As manifestações anti-governo começaram em março de 2011 – a "Primavera Árabe" saía à rua na Síria. As autoridades no poder reagiram violentamente. Rapidamente, a violência aumentou de escala. Em abril de 2013, tinha atingido tais proporções que os responsáveis pelas principais agências humanitárias da ONU lançaram o apelo desesperado que está neste vídeo. Agora, dois anos e meio depois deste apelo, estamos perante a maior crise humanitária desde as Grandes Guerras mundiais do século passado…

Publicado por Conselho Português para os Refugiados em Sábado, 24 de outubro de 2015

“Após mais de dois anos de conflito e mais de 70.000 mortes, entre elas milhares de crianças… Após mais de cinco milhões de pessoas forçadas a abandonar as suas casas, incluindo um milhão de refugiados vivendo sob grande tensão nos países vizinhos…
Após tantas famílias destroçadas e comunidades inteiras arrasadas, escolas e hospitais destruídos e sistemas de abastecimento de água em ruínas… Nós, dirigentes das agências da ONU encarregados de lidar com os custos humanos desta tragédia, apelamos aos líderes políticos envolvidos para assumirem as suas responsabilidades para com o povo da Síria e o futuro da região. A todas partes envolvidas neste conflito brutal e a todos os governos que as possam influenciar: Em nome de todos aqueles que tanto têm sofrido, e dos muitos mais cujo futuro está em causa: Basta! Convoquem e usem a vossa influência, agora, para salvar o povo sírio e a região da catástrofe.”
Mas a tragédia arrasta-se ao longo dos anos, refinando-se até à barbárie mais extrema com a entrada em cena do Daesh (EI/ISIS). Os bombardeamentos de zonas densamente povoadas, as ações de intimidação, com cruéis violações dos direitos fundamentais, e as situações de violência generalizada põem as populações em fuga.
Atualmente, outubro de 2015, dois anos e meio após o apelo dos responsáveis das agências da ONU, o número de mortos é superior a 220.000. Os deslocados internos estão estimados em cerca de 7,6 milhões. Os refugiados serão agora mais de 4,2 milhões nos países limítrofes, principalmente na Turquia. Uma pequena parte, menos de 0,5 milhão, consegue atingir a Europa.
Os investimentos avultados que foram feitos para selar as fronteiras terrestres da Turquia com a Grécia e Bulgária não impedem que, mudando para rotas mais perigosas, milhares de pessoas cheguem diariamente à UE. Afinal, a Europa está ali tão perto, nas pequenas ilhas gregas do Mar Egeu… Trata-se de uma fronteira difícil de fechar, uma “fronteira líquida” povoada de pequenos botes de borracha apinhados de pessoas em busca de uma nova vida – seres humanos que resolveram dizer “Basta!“.

Publicado por Conselho Português para os Refugiados em Quinta-feira, 22 de outubro de 2015

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