Noruega, país de asilo

LISBOA, 30 de outubro de 2015 (CPR) – A Noruega, país que tem um dos maiores indicadores de desenvolvimento humano (IDH) do mundo, está muito longe dos conflitos geradores de refugiados mas há sempre uma forma de chegar lá, nem que seja de bicicleta, em pleno Ártico, na fronteira com a Rússia (ver este mapa). Acontece que os russos não autorizam que se atravesse a fronteira a pé pelo que o investimento numa bicicleta é necessário na última etapa (ver esta reportagem da BBC). É mais um meio de transporte para encontrar refúgio em território europeu e, sem dúvida, mais seguro do que os botes de borracha apinhados de pessoas no Mar Egeu. E, afinal, a Rota do Ártico não é assim tão cara se compararmos os montantes exigidos pelos passadores e traficantes nas travessias marítimas (o Wall Street Journalfez as contas). Apesar do rigor do inverno que se avizinha, as autoridades manterão a fronteira aberta e estão a rever a previsão de entradas para milhares de requerentes de asilo. De acordo com a BBC, as autoridades norueguesas sabem que têm que ser céleres porque através das redes sociais (os sírios utilizam-nas intensivamente – ver esta reportagem do New York Times) a Rota do Ártico poderá crescer rápida e exponencialmente, apesar das temperaturas extremas que se aproximam.
Mas das notícias que chegam da Noruega, a ainda mais interessante é de ontem – uma grande e prestigiada cadeia de hotéis norueguesa (Nordic Choice Hotels) ofereceu 5.000 dormidas para acolher refugiados – ver notícia na Newsweek). Quando tanta gente tem tanto receio de acolher estas pessoas – porque podem ser “terroristas infiltrados”, não têm “hábitos de higiene”, “rezam alto”, famílias com “muitas crianças que estragam tudo”, etc. etc. – o Sr. Petter Stordalen, proprietário dessa rede de hotéis, não parece ter medo de perder clientes, anunciando a sua decisão de modo instantâneo e decisivo via redes sociais, neste caso com um simples “twitter”…
(E já agora, em maré de países nórdicos, lembramos que, mesmo ao lado, a Suécia é o maior país de asilo europeu, se compararmos o número de refugiados acolhidos por milhão de habitantes).